Conheça a Pesquisa Escatla
Espaços carnavalescos atlânticos e latino-americanos
O foco desta pesquisa é desenvolver uma Geografia cultural das Festas de Momo, em cidades latino-americanas, europeias e africanas, utilizando a seleção de símbolos (imagens e sons) para o mapeamento da compreensão das representações teatrais do carnaval. Entre 2020 e 2022, apenas cidades sul-americanas foram estudadas. Na versão 2023-2025 da pesquisa, a Bacia do Atlântico ganhou destaque e incluiu a Região Metropolitana de Fortaleza nas análises.
Foto de arquivo Desmascara o Folião. Fonte: Christian Dennys
Tempo de duração: MAR/2023 a JUL/2026
Nome do Pesquisador Responsável: Christian Dennys Monteiro de Oliveira
Processo: 306476/2022-3
Modalidade/Nível: PQ-2
Edital/Chamada: Chamada CNPq Nº 09/2022 – Bolsas de Produtividade em Pesquisa – PQ
Instituição: Universidade Federal do Ceará/UFC-CE
O presente estudo promove a realização de intercâmbios acadêmicos, em escala internacional. Seu foco e desenvolver uma Geografia do Patrimônio Cultural, na dimensão latino-americana do continente tendo como objeto maior a compreensão das representações teatrais e literárias sobre as festividades do Carnaval, nas diferentes nacionalidades regionais. Tal campo de reflexões nasceu de uma parceria, iniciada em 2018, com o projeto colaborativo para formação de um Observatório de Paisagens Patrimoniais e Artes Latino-americanas, tendo as metodologias artísticas (gráficas, literárias, cenográficas, cinematográficas, corpóreas e musicais etc.) papel estratégico na elaboração das pesquisas específicas. A referência artística desse estudo foi a dimensão teatral registrada por consagrados escritores de diferentes países/cidades, nos quais o Carnaval se faz presente. O trabalho teve sua primeira etapa realizada a partir do olhar carnavalesco de modernistas como Mario de Andrade e Manuel Bandeira. Agora destacando a poética tropicalista em Tom Zé, Gilberto Gil e Caetano Veloso em suas interlocuções euro-africanas. A metodologia, para investigação do patrimônio carnavalesco, utiliza as referências teatrais de Pavis (2008) e Dubatti (2016), paisagística em Andreotti (2013) e comunicacionais em Ferrara (2008) e Gomes (2013) para caracterizar as marcas simbólicas mais relevante dos carnavais dessas localidades. Como resultado, vem sendo construído uma representação gráfica e pictórica, capaz de mapear o Carnaval na bacia do Atlântico como expressão multifacetada (cognitiva, coletiva, artística e tecnológica) de uma religiosidade turística, em permanente reelaboração festiva. Palavras-Chave: Carnaval, Patrimônio, Artes, Africanidade, Mapeamento Cognitivo
A ampliação da área de estudo – cidades da bacia do Oceano Atlântico, em 3 conjuntos continentais muito distintos – vem corroborar com novas leituras e interpretações sobre a complexidade do Carnaval, em sua origem e formação tripartite: latina, africana e ameríndia. Adotando, portanto, a referência da Translatinidade com Macro Continentalidade da Bacia Atlântica.
Desafios centrais (questionamento e hipótese)
Existem elementos de religiosidade simbólica no intercâmbio de festejos e devoções capazes de fomentar as paisagens carnavalescas dessas urbes atlânticas? Quais são e eles e como podem ser cartografados em um sistemático mapeamento cognitivo, capaz de integrar tais urbes em um significativo espaço simbólico?
A hipótese básica está em demonstrar a interdependência das Folias de Momo com a triangulação das religiosidades festivas (mágica, turística e cósmica – conforme texto de apoio vide: https://editoracriacao.com.br/wp-content/uploads/2024/09/trajetorias-ancoragens-e-encontros-com-a-geografia-cultural.pdf p. 93-116)
O problema da identificação do Carnaval em escala internacional (atlântica), como cenário exemplar de referência da afro-latinidade, faz esse plano de estudo construir, no intercâmbio com pesquisadores de praças acadêmicas distintas (universidades, museus, institutos), em busca de uma caixa especulativa para mapear (cognitivamente) a teatralidade da festa como religiosidade turística.
Por essa razão, a formulação do objetivo geral desse plano vem a ser:
➢ Desenvolver, em atos de visitação digital e documental, uma experiência metodológica de caracterização do uso teatral das Festas Carnavalescas, como representação de Paisagens Patrimoniais no espaço simbólico da Bacia do Atlântico. E neste desenvolvimento, gráfico e poético, alcançar os seguintes objetivos específicos:
⦁ a) Identificar qual o espaço de registro e tratamento é dado ao patrimônio regional/nacional das festividades carnavalescas e aos autores/escritores que refletiram sobre esse teatro popular festivo em 12 localidades distintas (ver Quadro 3 com as localidades);
⦁ b) Caracterizar, a documentação acadêmica e poética fundamental à compreensão dos valores alegóricos das festas na contemporaneidade. Com destaque para autores /escritores /jornalistas que exploram o conjunto teatral carnavalesco, capturando seu hibridismo de fé | festa | feira e representação humanista da identidade local/regional;
⦁ c) Avaliar o potencial dos palcos de eventos e desfile como centros culturais capazes de promover políticas comunicação e educação patrimonial, fomentando a compreensão estratégica da cultura carnavalesca na afro-latinidade;
⦁ d) Indicar ícones e imagens simbólicas para o mapeamento cognitivo-cultural da paisagem carnavalesca, tendo por referencial os carnavais selecionados no projeto anterior (ESCALA 2020-22) na atualização do novo projeto ESCATLA 2023-2025. E agora, nesta indicação, comparar urbes do Brasil, Caribe, Europa e África Ocidental em sua teatralidade ritual;
⦁ e) Modelar uma coletânea de imagens em formato de álbum ou altas digital de paisagens patrimoniais, apontando para releitura do Carnaval como Religiosidade Turística.
A investigação de formas simbólicas no campo da geografia cultural abre espaço para proposições sistematizadoras de estratégias conceituais. O mapeamento cognitivo de ideais, conceitos e valores não se restringe a leituras pré-fixadas dos enquadramentos lastreados pelo senso comum. Assim, os festejos carnavalescos, já documentados em diversas leituras históricas e antropológicas, como expressões simbólicas complexas, necessitam de parâmetros qualitativos (focos ou abordagens) distintivas de análise, especialmente em escala internacional. A sistematização histórica do Carnaval ao mundo ocidental o vincula às religiosidades populares de matriz cristã. Justamente por isso é comum nomear a festa como “pagã” e “profana”. Dois designativos de rejeição que mais inclui do que exclui sua existência no amálgama das representações religiosas.
A retomada das festas nas versões do Pós Pandemia de Covid19 (a partir de 2023) também pode auxiliar um desenho avaliativo dos contrates entre os registros documentais da década (2011-2020) e os elementos simbólicos identitário do patrimônio festivo. Assim, a listagem seguinte pode balizar o que considerar de cada cidade selecionada – atualmente incluindo empiricamente os festejos de Fortaleza/CE e Santos/SP – ao longo dos 40 meses desta versão da pesquisa:
⦁ a) A produção jornalística de articuladores da imprensa local que avaliou, nos últimos 10 anos, a transformação dos grandes marcos da festividade;
⦁ b) As homenagens ao poetas (literatos e músicos) que melhor retrataram as especificidades dos desfiles, considerando as projeções de ancestralidade, humorística e cibercultura nos eventos;
⦁ c) As pesquisas que demarcaram os espaços carnavalescos ajudando a reconhecê-los como paisagens patrimoniais afro-latinas;
⦁ d) E as representações religiosas cristãs, sincréticas e afrodescendentes, constituintes de um imaginário com apelo e visibilidade turística.
⦁ Ancestralidade e realeza dos líderes demarca o primeiro conjunto de projeções das culturas ocidentais africanas, seja na tradição nagô como a jejê e a congo-angola (LUZ, 2013, p.68). Quando esta variável alegórica e ritual encontra a potencialidade humorística e tecnológica dos carnavais contemporâneos a complexidade teatral dá um salto qualitativo e a busca de meios poéticos de compreensão do imaginário religioso demanda novas categorias de estudo. Daí concordarmos com a Juremir Silva (2006) quando considera a propulsão das “tecnologias do imaginário” na trama epistêmica de muitos filósofos e cientistas sociais – incluindo estudos geográficos – na configuração de um método compreensivo para os conflitos da razão. “Laço social”, “bacia semântica”, trajeto antropológico”, “motor” e “reservatório” são alguns dos termos fornecidos por seus interlocutores para municiar esse “incontrolável” campo de perspectivas. O Carnaval e seus leitores (autores e instituições) podem ser ancorados pela representação teatral do imaginário e sua teatralidade associada à Latinidade pelo imaginário “Imperial”. Nossa busca está, nesses termos, está focada no Poder da Festa, que não abdica sua condição de Potência. Alia, em um tempo-espaço bakthiniano (ora cronotópico; ora topocrônico), uma tecnologia de revelação radical: a latinidade maior com a qual as sociedades do continente sempre quiseram se identificar só é possível, efetivamente, no sonho coletivo do Carnaval.
Autores, instituições e ritos carnavalescos moldam, portanto, a triangulação procedimental da matéria-prima indispensável a cartografia criativa da Paisagem Patrimonial o estudo postula. Em uma moldura ainda incompleta, confeccionamos um esquema visual (figura a seguir) – demandante de aperfeiçoamento nas próximas versões, certamente.
Caracterizamos 4 itens vinculados ao desenvolvimento científico dessa proposta, com particular atenção – em princípios inovadores – à construção da teatralidade carnavalesca latino-americana. Trata-se de uma representação integrada de bens educativos, culturais e étnicos voltados ao fortalecimento turístico e patrimonial das cidades que em seus respectivos países, expressam as dimensões geográfico-culturais dessa grande festa. Considerando, portanto, a análises das urbes ou cidades carnavalescas, em sua projeção patrimonial, um meio de aproximação econômico-cultural, o projeto enumerou 4 desafios a serem enfrentados na abertura dessa nova fase do estudo sobre Espaços Simbólicos:
⦁ a) Ampliação do Banco de Dados e Imagens dos Municípios-Santuários (Projetos PQs em escala Nacional) com a demarcação das Urbes Carnavalescas, junto a discussão estratégica da Tolerância no âmbito do Patrimônio Cultural (Religioso e Carnavalesco);
⦁ b) Desenvolvimento de tipologia da Irradiação Carnavalesca em macropaisagens atlânticas (americana-caribenha, europeia e africana) com base no vetor midiático-ecossistêmico (OLIVEIRA, 2012); e tendo por referência as estruturas teatrais de exposição e difusão das festividades, aos nichos de demanda turística.
⦁ c) Consolidação da Rede de Comunicação do Patrimônio Cultural no interior do LEGES/UFC e em parceria com o LEGEC/UECE, a fim de ampliar a Rede do Observatório de Paisagens Patrimoniais das Artes Latino-Americanas (OPPALA), criada em 2018.
⦁ d) Modelagem de uma cartografia digital cognitiva, em formato de Atlas Conceitual do Teatro Carnavalesco, para demonstrar a abrangência das urbes carnavalesca na capacidade de retratar as questões políticas, sociais e ambientais mais expressivas das nacionalidades sul-americanas e caribenhas
⦁ Consolidação e difusão do site https://paisagenspatrimoniais.blogspot.com/ em seu formato de sistematização da fase anterior, enfatizando municípios-santuários e atual, com destaque para as urbes carnavalescas latinas e atlânticas;
⦁ Desenvolvimento de 2 artigo científicos e um livro, com ênfase para as três etapas da pesquisa: carnavais americanos (2023); carnavais europeus (2024); carnavais africanos (2025); e possivelmente outros em parcerias, no âmbito das universidades/institutos em intercâmbio
⦁ Organização de uma exposição temática sobre a Dimensão Atlântica e Ocidental da Festa Carnavalesca em Ideomapas, aproveitando os canais de Eventos previstos para 2023 (Evento do OPPALA/REPETUR – Simpósio de Geografia e Religiosidades) e 2024 (Encontro Nacional de Turismo de Base Local), propostos para a articulação com LEGES.
⦁ Composição de materiais paradidáticos sobre os países latino-americanos a partir da projeção carto-cognitiva dos Carnavais, ampliando assim as possibilidades de trabalho do professor de geografia no manuseio temático e metodológico da Geografia Cultural.